Os hijras (pronuncia-se “hidjirás”) constituem o grupo dos travestis, transexuais e castrados. Todos usam roupas femininas. Não são uma casta, cultural, antropologica e etnologicamente falando, já que um hijra pode ser membro de qualquer casta. Em geral são homossexuais, porem nem sempre, como é o caso dos castrados sem consentimento. Os hijras costumam dizer que são “do terceiro sexo”. Na cultura ocidental, os hijras seriam vistos com conotação sexual, enquanto que no sul da Asia eles tem uma conotação cultural e religiosa, embora a maioria deles trabalhem com prostituição, pois a sociedade não reserva a eles outro tipo de atividade. Os hijras vivem também de esmolas, aproveitando o fato de muitos o temerem que a recusa de uma esmola pode fazer com que o hijra se irrite e provoque algum tipo de problema; pois acreditam que o hijra tem o poder espiritual de fazer isso. É um tipo de extorção espiritual. Coisa que existe aqui no Brasil também, tem muita gente que se auto-denomina de “pastor” e vive pregando que quem não pagar dízimo para sua igreja não contará com a benevolência de Deus.
Um grupo hijras. Photo: oochappan (www.trekearth.com/members/oochappan)
Os hijras são chamados, na India, de chakkas, mas este termo é pejorativo e ofensivo. São quase na sua totalidade rejeitados pela família, passando a viver isolados. Embora temidos e respeitados (por razões religiosas), os hijras são alvo de algum preconceito na India.
Geralmente vivem em pequenos grupos sociais fechados, e costumam adotar meninos de rua órfãos (ou fugidos da família), para dar continuidade à “casta”. Algumas comunidades costumam castrar estes meninos, contra a vontade deles, em rituais. Muitos pais, percebendo tendências homossexuais num filho, entregam-o a um grupo hijra, para que cresça entre eles, aprendendo a ser um deles. Os pais acreditam que esse é o destino que os deuses reservaram ao filho (karma). Também existe a crença de que alguma deusa pode ter encarnado no corpo de um homem.
Os Hijras possuem uma linguagem “secreta”, usada somente entre eles, chamada Hijra Farsi, baseada na língua Urdu.
Tem o hábito de invadir festas alheias (casamentos, aniversários, etc), para alegra-las, fazendo performances, contando piadas, etc ; cobrando gorjeta depois. Também são convidados (ou aparecem sem ser convidados) para abençoar recém-nascidos, pelo qual também cobram gorjeta. Entretanto, os hijras não permanecem nas festas, nas casas, etc., fazem seus rituais, performances, danças, músicas, e vão embora em logo em seguida. Os indianos são supersticiosos, e muito temente aos deuses. Acreditam que a praga de um hijra é das piores possíveis, que podem ter sua vida arruinada. Por isso, costumam temer e respeitar os hijras.
Durante a era British Raj (ocupação Britanica), autoridades tentaram banir os hijras, decretanto leis contra castração, proibindo sua aparição em público e entitulando a classe como “Criminal Tribe”.
Photo by Maciej Dakowicz
