INDIA – PEQUENO RETRATO DO PAIS
A India é, imitando Caetano, o país do avesso do avesso do avesso. É um pais indecifrável, dificil de se entender.
São 1,3 bilhões de habitantes (6,5 vezes a população do Brasil) divididos em castas e subcasas, 23 línguas oficiais, mais de 400 dialetos, duas grandes religiões fundamentalistas (mulçumanos e hinduístas), milhares de deuses, ricos e pobres (a impressão é que não existe classe média). O país tem 3,3 milhoes de km2, menos da metade da área brasileira (8,5 milhões km2).
O povo brasileiro é muito homogêneo. Somos todos Cristãos, falamos a mesma língua, vemos as mesmas novelas e filmes, idolatramos os mesmos heróis e ídolos, adoramos os mesmos santos, ouvimos as mesmas músicas, etc. Isso nos confere certa vantagem, a sociedade brasileira é bastante equilibrada, estável, não existem grandes conflitos. Existe no Brasil certo preconceito social, mas em termos de religião, credo, raça, etc, temos um aceitável nivel de boa convivencia e respeito mútuo. Certa vez alguém me disse que somos frangos de granja, todos iguais. A India é o oposto. Pelo tamanho de sua população, situação geográfica e história, o país acabou virando uma colcha de retalhos, um país multi-racial, multi-cultural, uma verdadeira Babilônia.
A questão étnica, religiosa e social é muito forte na India. A pessoa se situa dentro da sociedade segundo sua origem étnica, a língua que fala, a religião que professa, sua profissão e sua casta. Existem fortes sentimentos de preconceito na India. A pessoa pode ser vítima de preconceito devido a sua casta inferior, sua profissão, língua, origem étnica, etc. A mobilidade social barra nestes preconceitos. O governo tenta extinguir o sistema de casta, mas ele próprio formalizou uma lista de castas (entitulada de scheduled castes) e dá tratamento diferenciado aos cidadãos desta classe. Já vi essa história antes…
O trânsito reflete bem o preconceito social: os carros novos e grandes tem preferência no transito. Eles buzinam pedindo passagem, todos abrem alas, e ninguém tem coragem de buzinar para eles. Se o carro for importado, o respeito é ainda maior.
O indiano tem forte apego à sua cultura. A cultura ocidental ainda não conquistou o país. McDonalds, Pizza Huts, jeans, Nike, Shopping Centers, Lacoste, etc não seduzem os indianos. Eles ainda preferem Bollywood, torcento o nariz para Hollywood. Talvez seja muito difícil para as multinacionais do ocidente conquistar uma grande massa de consumidores que não falam a mesma língua, não tem a mesma cultura e a maioria é classe D. As grandes redes de varejo (Wall Mart, Big, Target, Carrefour, etc) estavam proibidas de se instalar no país (recentemente, em novembro de 2011 foram liberadas).
Devido a multiplicidade de idiomas, o inglês tenta ser a língua unificadora, de forma que as placas de transito, algumas campanhas publicitárias, placas de comerciantes, etc são escritas em inglês. É uma herança deixada pelo domínio britânico, India já foi chamada de India Britânica.
A India é super-machista. Vários indianos me disseram que “lugar de mulher é em casa”. De fato, nas ruas se vê poucas mulheres andando. Como o casamento na India é sempre arranjado, muitas vezes o marido não sente nenhuma afeição, amor, pela esposa. Esta acaba virando uma serviçal, uma procriadora de filhos e objeto de cama e mesa. Portanto, brasileiras, vocês moram num país abençoado… rs rs rs …..Feministas, tremei !!
Na India, “lugar de mulher é em casa” . Tente descobrir uma mulher nesta foto, Rua Dariba Kalan, Nova Delhi. Atenção : o de camisa regata não é mulher…