Curiosidades e pequenas histórias
É proibido sair da India portando notas de 500 e 1000 rúpias, mas não sei como isso é inspecionado no aeroporto.
Alguns pequenos lojistas colocam um tatame grosso no chão da loja, parecido com edredon. É uma espécie de carpet fofão. Os clientes devem tirar os sapatos antes de entrar nesse tipo de loja.
Não há gatos na India. Os indianos detestam gatos.
Os carrões importados e bonitos podem estacionar em fila dupla, desde que não interrompam o transito. Todos desviam destes carrões sem buzinar. Os caraminguás e tuc-tucs não podem estacionar em fila dupla, por que os demais protestam.
Em frente a quase todos os botecos da India há uma mesa grande, baixa e retangular, onde os clientes se sentam para conversar.
Os encantadores de serpentes são raros, mas vimos alguns deles nas ruas. Tocam uma flauta estridente, irritante. A víbora se assusta com o barulho e sai da cesta para ficar em posição de defesa. Os encantadores tiram as presas e as glândulas venenosas das víboras, que ficam indefesas. Se o turista olhar para eles, imediatamente começam a tocar a flauta, as cobras saem da cesta, apavoradas. Esperam que o turista tire fotos e daí cobram. Detesto isso, maltratar animais e lucrar com isso. Não tirei nenhum foto.
Em Jaipur, existe um local em que centenas de elefantes levam o turista até ao alto de uma colina, onde está o Amber Fort. Também aí há a exploração de animais, mas a grande diferença é que existe uma simbiose: os pilotos de elefantes ganham dinheiro e compram comida para os elefantes. Os animais não fazem mais que cinco viagens por dia, são elefantes gordinhos e limpos. Curiosamente esta atividade ajuda a preservar a espécie. Fizemos este elefante-tour, é divertido, mas não é nada confortável, elefantes não tem sistema de suspensão.
Jainismo é uma religião indiana, cujos maiores princípios são : desapego aos bens materiais e; respeito a toda forma de vida, inclusive vegetais. Pelo segundo motivo, os jainistas não comem legumes (raízes e tubérculos) por que arrancar a planta pela raiz provoca a morte dela. Obviamente, são também vegetarianos. Até mesmo o prazer sexual é considerado condenável pelos jainistas. O Jainismo não vem ganhando muito adeptos, sua doutrina é muito austera.
Nosso motorista entre Jaipur e Agra era jainista. Durante a viagem, um besouro bateu no parabrisa. Imediatamente o motorista parou o carro e socorreu o inseto.
Motorista socorre besouro
Voce sabe o nome da sua tataravó ? Sabe aonde ela está sepultada ? Já visitou este lugar ?
Estavamos viajando entre Jaipur e Agra, e o nosso motorista jainista apontou um pequeno mausoléu abandonado. Tirei uma foto, com zoom por que a construção estava longe, no meio de uma propriedade rural. Motorista explica que há séculos o marajá local construiu o tal monumento em homenagem à esposa falecida (certamente a favorita...), inspirado no exemplo do Taj Mahal. O monumento está abandonado, mas em surpreendente boas condições. O MST ainda não chegou à India, de forma que o mausoléu não está invadido por sem-tetos.
Filhos do marajá : “Precisamos nos revezar para cuidar do mausoléu da mamãe”.
Netos do marajá : “Precisamos fazer uma vaquinha para reformar o mausoléu da vovó. Precisa pintura nova e tem reboco caindo...”
Bisnetos do marajá : “Voces se lembram daquele mausoléu da bisavó ? Nem me lembro da última vez que fui lá. Estava em péssimo estado. É uma pena, o departamento de turismo da cidade devia tomar alguma providencia...”
Tataranetos do marajá : “Segundo reza uma lenda, ali está sepultada a bisavó do meu pai...”
Pentanetos do marajá : “Que construção antiga e maluca é essa ?”
Quando visito o Cemitério Municipal da Àgua Verde, avisto vários túmulos abandonados. Certa vez vi um com a ossada à vista. A memória dos que se foram vai se desvanecendo na noite dos tempos, sumindo de geração a geração, tal qual a da esposa do marajá. É por isso que eu quero ser cremado.
Mausoléu abandonado
Na viagem com o motorista Jainista, uma das nossas preocupações era aonde almoçar. Foram 7 horas de viagem de carro, numa rodovia infernal (veja postagem sobre essa viagem).
A certa altura, indagamos ao motorista sobre o almoço, pedimos sugestões. Ele disse para a gente ficar tranqüilo, que ia nos levar a um restaurante maravilhoso. Eu eu fiquei imaginando qual seria o conceito jainista para “maravilhoso”. É uma religião que prega o despojamento, a simplicidade.
Enfim, 14:00 e o motorista anuncia que chegamos a “cidade” do restaurante por ele indicado. Sai da rodovia e entra num vilarejo pavoroso. Adentramos 5 km, passando por ruelas esburacadas e poeirentas, apinhadas de porcos, cabras, galinhas, burricos, bicicletas, e, é claro, inevitáveis vacas. Crianças e adultos maltrapilhos, sujos e miseráveis perambulavam pela via e acenavam para gente, na esperança de não sei o quê. As casas eram verdadeiras taperas, o cenário era desolador. Mulheres raquíticas e caquéticas, sentadas de cócoras nas soleiras das portas nos fitavam, com olhares vazios e faces inexpressivas. Enfim, a famosa pobreza endêmica que assola a India.
Ficamos preocupados, era praticamente impossível a existência de um bom restaurante naquele cú-do-mundo. Sendo em boas condições higiênicas, sem cozinheiro de unhas pretas, já será grande coisa, pensei.
Termina a ruela. Chegamos a um grande casarão às margens da favela. O paredão se parece mais com uma muralha; nele há um grande portal de entrada Adentramos, e para minha surpresa existe atrás do paredão uma pequena e charmosa praça com várias lojinhas, banheiros, camelôs, um hotel e o tal do restaurante. É um microcosmo, um oásis no meio daquele mundão feioso. O restaurante é simples, muito bom e muito limpo por sinal. As mesas tem toalhas impecáveis e um batalhão de garçons bem alinhados nos recebe. Vou ao banheiro. Tem um WC-boy cuidando do local, super-limpo. O vaso era tipo oriental, com PH. Ufa !!
A India sempre guarda uma surpresa na manga.
Devido ao horário o restaurante está vazio. Apenas um casal de turistas almoçavam ali. Brasileiros. Ele catarinense e ela cearense. Fizemos rápida amizade, conversamos, almoçamos e nos despedimos.
E, adivinhem quem era o morador do casarão e dono do restaurante e tudo mais? O marajá local, é claro.
Palacete do Marajá da Favela
Em vários lugares da India, existem lojas de apoio ao turista. Oferecem serviços que hoje não fazem muito sentido, como queima de CD-ROM.; ligações telefonicas nacionais (STD) e internacionais (ISD).
Sicupira na India ! Estava zapando a TV num hotel da India, quando deparei com um canal esportivo. O assunto da hora era futebol e apareceu um comentarista esportivo. Era um sósia do Sicupira, 25 anos mais novo.
Lojas – As lojas na India são limpas, mas a frente da loja geralmente está cheia de lixo. Os comerciantes usam as calçadas como depósito e exposição de mercadorias. O pedestre anda então na rua, levando buzinadas e trombadas. Muitos comerciantes de pequenas lojas gostam de tirar soneca dentro da loja. As luzes das lojas estão sempre apagadas. Quando chega o cliente, acendem as luzes. Quando o cliente vai embora, apagam. É um belo exemplo a ser seguido.
Sicupira na India ! Estava zapando a TV num hotel da India, quando deparei com um canal esportivo. O assunto da hora era futebol e apareceu um comentarista esportivo. Era um sósia do Sicupira, 25 anos mais novo.
Lojas – As lojas na India são limpas, mas a frente da loja geralmente está cheia de lixo. Os comerciantes usam as calçadas como depósito e exposição de mercadorias. O pedestre anda então na rua, levando buzinadas e trombadas. Muitos comerciantes de pequenas lojas gostam de tirar soneca dentro da loja. As luzes das lojas estão sempre apagadas. Quando chega o cliente, acendem as luzes. Quando o cliente vai embora, apagam. É um belo exemplo a ser seguido.